Televisão - os mais novos vêem a televisão certa?
A televisão é uma importante fonte entretenimento e de socialização à escala mundial que conduz ao maravilhoso mundo das descobertas de realidades longínquas, histórias fantásticas e outras culturas. Um dos grupos que mais televisão vê é o das crianças e jovens.
Se o programa for adequado pode transmitir ideias positivas e acarretar mesmo benefício para as crianças, estimulando a aprendizagem e dando a conhecer o mundo envolvente.
Apesar de existirem poucos estudos sobre este tema em Portugal podemos salientar algumas conclusões importantes:
- as crianças em média assistem a muitas horas de televisão
- muitas crianças têm televisão no quarto
- a televisão na grande maioria das vezes está ligada no horário das refeições
- há uma grande desadequação entre as grelhas de programação e os ritmos sociais das crianças, uma vez que tem vindo a desaparecer a programação da tarde – momento apontado por vários autores como fundamental para o serviço para crianças
- uma fatia importante da programação preferida dos mais novos está dirigida aos adultos e é emitida em horário infantil
- as crianças reconhecem que os pais tendencialmente preocupam-se mais com o tempo que elas passam em frente à televisão do que com o conteúdo dos programas a que estão a assistir.
Os 5 grandes perigos da televisão
1. Obesidade infantil
- A obesidade infantil é um dos maiores problemas de saúde pública do séc. XXI
- Enquanto vê televisão a criança não tem grande gasto de energia (aumentando a predisposição ao aumento de peso)
- A criança é “bombardeada” com anúncios de alimentos apelativos, altamente energéticos/calóricos (hambúrgueres, chocolates, gomas, batatas fritas, bebidas gaseificadas) que muitas vezes trazem o brinde do herói da criança, tornando essas comidas irresistíveis
2. Violência
- Uma das principais preocupações que os pais devem ter
- Muitos programas (desenhos animados, filmes) mostram que a violência e a agressividade são usadas pelos “bons” – os heróis – que fazem justiça penalizando e exterminando os “maus”. Cria-se a ideia que, dependendo de quem pratica e das intenções, a agressividade pode ser justificada e até recompensada
- As crianças imitam o que veem e têm dificuldade em fazer deduções e compreender o que está implícito nos programas. Acreditam que, como desenhos animados, se se magoarem ou matarem alguém, essas pessoas regressarão à vida e não sofrerão qualquer ferimento:
Dos 2-7 anos: dificuldade em distinguir fantasia de realidade – ficam amedrontadas com cenas que tenham figuras como monstros e bruxas
Dos 8-12 anos: medos de cenários de desastres naturais, guerras ou qualquer situação em que as crianças são vítimas
3. Alteração do padrão do sono
- Os padrões de sono ficam alterados pela dificuldade em retirar as crianças da frente do televisor à hora de deitar e porque muitos programas apelativos para os jovens passam a horas tardias, retirando horas de sono em detrimento da televisão
- O conteúdo dos programas muitas vezes têm figuras agressivas (ex: bruxas), capazes de gerar medo e angústia, o que pode conduzir a insónia e terrores nocturnos
- As crianças que assistem a telejornais podem sentir-se amedrontadas pelas catástrofes naturais e guerras
4. Comportamentos de risco
- Em séries de ficção, filmes ou publicidade, comportamento como o consumo de álcool, drogas ou tabaco são apresentados como sendo cool e banais/normais, omitindo várias vezes as reais consequências desses hábitos
- A atividade sexual é frequentemente “banalizada e descontextualizada”, ficando ocultados temas como as doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência e outros problemas inerentes
5. Publicidade
- Um dos grande perigos da televisão é a publicidade e as crianças são um mercado muito apetecido pela enorme influência que possuem nas decisões familiares
- Influencia aspectos como a obesidade, comportamentos de risco e pode incutir ansiedade aumentada pelo produto publicitado
- A publicidade está estrategicamente realizada para ser muito atrativa para as crianças - através da luminosidade das cores, músicas ritmadas, mensagens simples – e para os adolescentes – mensagens mais subtis e estilização das imagens
- Crianças com menos 8 anos: dificuldade em compreender a ideia de venda de um produto, impossibilitando a criança de ver qualquer defeito no objeto anunciado
REFERÊNCIAS
1. “A Televisão e os Jovens: Uma aproximação aos hábitos de consumo, opiniões e sentimentos relativamente à violência observada na televisão”, Glória Jólluskin. Cadernos de estudos mediáticos 08, Comunicação audiovisual: identidades, discursos e representações, Universidade Fernando Pessoa, PARTE III – Comunicação e Sociedade, 2008;
2. “As crianças e a televisão: idade e quantidade”, Joana Dias com colaboração de Augusta Gonçalves, Serviço de Pediatria do Hospital São Marcos Braga, 2008, sítio: 3 de Maio 2013, 21h;
3. “As crianças e a televisão: Riscos”, Joana Dias com colaboração de Augusta Gonçalves, Serviço de Pediatria do Hospital São Marcos Braga, 2008, sítio: 3 de Maio 2013, 21h;
4. “Crianças e jovens vêem televisão em excesso”, João Pedro Pereira, Jornal de Notícias, Janeiro 2006; “A criança e a televisão – que tipo de relação?”, no sítio: 3 de Maio 2013, 21h;
5. “60 por cento das crianças e jovens têm televisão no quarto”, no sítio: 3 de Maio 2013, 21h;
6. “As crianças e a violência na televisão”, Ana Lúcia Morais, 4º ano do curso de comunicação social, no sítio: 3 de Maio 2013, 21h;
7. “A televisão e as crianças – um ano de programação na RTP1, RTP2, SIC e TVI”, Entidade reguladora para a Comunicação Social, 2009
8. Kuhl, P.K., Is speech learning 'gated' by the social brain? Dev Sci, 2007. 10(1): p. 110-20.
O que os pais devem fazer
1. É essencial que os pais assistam aos programas com os filhos para aproveitarem as ocasiões propícias a filtrar conteúdo e ir explicando e educando à medida que o programa decorre bem como aquilo que for transmitido pelos anúncios publicitários.
2. Séries televisivas: deve assistir a pelo menos um episódio para compreender o respectivo conteúdo e poder discuti-lo com as crianças
3. Devem ser incentivados programas que demonstrem situações de ajuda, solidariedade, carinho, compreensão e que sejam adequados ao seu nível de desenvolvimento (este hábito influenciará positivamente o comportamento das crianças).
4. As crianças não devem ter televisão no quarto. Nesse local devem estar brinquedos, jogos e outras alternativas apetecíveis.
5. As tarefas escolares devem ser realizadas com a televisão desligada.
Durante as refeições a televisão deve estar desligada; pois esse deve ser um momento de confraternização entre a família.
6. Os adultos (pais) devem também assistir a poucas horas de televisão: além de estarem a dar o exemplo, é mais tempo que fica para passarem com a criança.
